quarta-feira, 16 de março de 2016

Ato no DF tem buzinaço, via fechada, gás de pimenta e gritos contra Lula

Ato no DF tem buzinaço, via fechada, gás de pimenta e gritos contra Lula

Ato chegou a concentrar 5,5 mil, diz PM; segundo organizadores, eram 6 mil.
Ex-presidente foi anunciado como ministro da Casa Civil nesta quarta.


o G1 DF
Manifestantes contrários à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como chefe da Casa Civil protestaram fechando todas as faixas do Eixo Monumental, em frente ao Palácio do Planalto, no fim da tarde desta quarta-feira (16). Por volta das 18h15, a PM chegou a disparar gás de pimenta para evitar confronto entre o grupo e partipantes de um ato em favor do petista. Um homem foi detido e solto em seguida por suspeita de explodir uma bomba caseira próximo à sede do Executivo. Houve confronto entre polícia e participantes do ato.
Policiais usaram bomba de efeito moral e spray de pimenta. Os manifestantes reagiram atirando garrafas PET.
Cerca de 5,5 mil pessoas estavam no local por volta das 21h10, quando o ato concentrou mais pessoas, segundo a Polícia Militar. Os organizadores disseram que 6 mil participavam do ato.

Motoristas passavam pelo local fazendo "buzinaço". O grupo favorável a Lula se posicionou do outro lado da rua. Membros do Batalhão da Guarda Presidencial reforçaram a vigilância do palácio.

De acordo com o major da Polícia Militar Juliano Farias, que comandava a segurança durante o ato, também foi preciso apartar uma discussão entre uma mulher que apoiava o governo e um grupo contrário.

O protesto começou por volta das 17h, com cerca de cem pessoas em frente ao Planalto. O protesto foi organizado pelas redes sociais. Às 18h30 eram 300 participantes, de acordo com a Comunicação da PM – o aumento ocorreu por causa do fim do expediente de trabalho na capital. A corporação informou ter deslocado efetivo de 50 homens para garantir a segurança.

Pouco antes das 20h30, a PM informou que o trânsito no Eixo Monumental, no sentido Congresso Nacional, era desviado na Alameda dos Estados.

Os policiais fizeram um cordão para separar os manifestantes. Os PMs se posicionaram em uma área próxima ao acesso lateral do palácio. Um grupo de pessoas que trabalham no Planalto (servidores e membros da imprensa) saiu do prédio para acompanhar o ato.

Com gritos de "Lula ladrão, seu lugar é na prisão", manifestantes estenderam uma faixa que chama a presidente Dilma Rousseff de mentirosa. Eles também exibiram faixas com dizeres como "O Brasil não é do PT" e "Lula na cadeia. Buzine".
Manifestantes com faixa durante protesto na frente do Palácio do Planalto contra nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil (Foto: Alexandre Bastos/G1)Manifestantes com faixa durante protesto na frente do Palácio do Planalto contra nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil (Foto: Gabriel Luiz/G1)
O protesto teve a participação de parlamentares. O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) foi vaiado por manifestantes. Outro membro da Câmara Federal que esteve no protesto foi Jair Bolsonaro (PP-RJ), que levou assessores ao ato. Os deputados deixaram o local logo no começo do ato.

A presidente Dilma e o ex-presidente não estavam no Planalto durante a manifestação. A chefe do Executivo deixou o palácio por volta das 18h. Lula deixou Brasília durante a tarde, em direção a São Paulo.
Manifestantes contra a nomeação de Lula como ministro se concentram em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)Manifestantes contra a nomeação de Lula como ministro se concentram em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)
"Nós mandamos fazer três faixas de última hora, assim que saiu a indicação do Lula", afirmou a internacionalista Paola Comin, que foi para a frente do Palácio do Planalto protestar contra a nomeação de Lula para a Casa Civil

Para o produtor cultural Márcio Apolinário, a maioria dos manifestantes antigovernistas é formada por assessores parlamentardes e "pessoas inconformadas com a derrota na eleição". "Ele [Lula] tem a experiência da gestão pra ajudar a articular a governar e ajudar o país a sair dessa crise."
Manifestantes seguram faixa com os dizeres "o povo pediu impeachment e não parlamentarismo" (Foto: Alexandre Bastos/G1)Manifestantes seguram faixa com os dizeres "o povo pediu impeachment e não parlamentarismo"
(Foto: Alexandre Bastos/G1)
"É muito importante a manifestação porque, depois de tantos milhões de pessoas terem ido à rua hoje, nós vemos praticamente um golpe no Brasil", afirmou a servidora pública Joelma Alves, que disse ter ido ao protesto após sair da academia.
"Este país é feito com a dignidade de cada cidadão. Se o povo não se revoltar em um momento desse, em que momento se revoltará? O ex-presidente Lula virou ministro, e é investigado. Será que a presidente contrataria um empregado que fosse investigado pela polícia?", diz o servidor público Helton Barros.

"Vim protestar contra essa sacanagem que está sendo feita com o povo. A gente trouxe 6 milhões às ruas do Brasil no domingo para, três dias depois, a persistente indicar para a Casa Civil um investigado por corrupção", afirmou o empregado público Rafael Dezan.

Durante o protesto, funcionários do Planalto observavam a multidão pelas janelas do quarto andar da sede do Executivo. No andar funciona o gabinete do chefe da Casa Civil. O gabinete da presidente Dillma fica no terceiro andar.

Um carro de som foi instalado no Eixo Monumental, na via que foi fechada pelos manifestantes. Em coro, os participantes do ato cantaram o Hino Nacional.

Um drone sobrevoou a manifestação em frente ao Palácio do Planalto. A Polícia Militar informou que notificou a Aeronáutica, que deve identificar o dono do aparelho. A área é de segurança nacional.
Drone sobrevoa área perto do Palácio do Planalto, de segurança máxima. Aeronáutica vai buscar responsável (Foto: Alexandre Bastos/G1)Drone sobrevoa área perto do Palácio do Planalto, de segurança máxima. Aeronáutica vai buscar responsável (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Para o vendedor ambulante Hermano Senna, dia de protesto é momento de oportunidade. Ele costuma faturar R$ 500 durante atos do tipo – R$ 400 a mais que em eventos comuns, como shows musicais. “Não sabia da manifestação de hoje. Vi pela GloboNews e, como moro perto, vim correndo”, afirmou o comerciante, que diz comparecer a “todos os protestos desde 2013”.

Pouco antes das 21h, os manifestantes iniciaram uma caminhada até a Praça dos Três Poderes. Manifestantes fizeram uma fogueira no local e tremulavam bandeiras do Brasil.

Às 21h25, parte do grupo se dirigiu até o espaço ao lado da cúpula do Senado. No carro de som, o locutor pedia ao presidente da Casa, Renan Calheiros, que deixasse a base do governo. "Não vai ter posse", afirmou.

Participantes do ato se dirigiram à rampa do Congresso Nacional, que foi bloqueada pela Polícia Legislativa. O grupo gritava palavras de ordem contra o ex-presidente Lula e o PT. Eles chegaram a ameaçar invadir o acesso.

Lula ministro
O anúncio da nomeação de Lula como ministro da Casa Civil aconteceu no início da tarde. o Planalto emitiu uma nota informando que o ex-presidente vai substituir Jacques Wagner.

"A Presidenta da República, Dilma Rousseff, informa que o ministro de Estado Chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, deixará a pasta e assumirá a chefia do Gabinete Pessoal da Presidência da República. Assumirá o cargo de Ministro de Estado Chefe da Casa Civil o ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva", diz trecho.
Com o fim de expediente em Brasília, mais pessoas se juntam à manifestação (Foto: Gabriel Luiz/G1)Com o fim de expediente em Brasília, mais pessoas se juntam à manifestação (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Segundo a TV Globo apurou, Jaques Wagner manterá o status de ministro, apesar de estar sendo transferido para o cargo de chefe de gabinete da Presidência, que, até então, não era considerado uma vaga de primeiro escalão. Com isso, Wagner manterá o foro privilegiado.
No mesmo  comunicado, a Presidência anunciou a ida do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para o comando da Secretaria de Aviação Civil, que estava, desde dezembro, sob uma chefia interina.
 Depois do anúncio, a presidente chamou uma entrevista coletiva. Ela afirmou que o ex-presidente terá "os poderes necessários" para ajudar o país como novo ministro-chefe da Casa Civil. Ela fez a afirmação ao ser questionada sobre a possibilidade de Lula vir a se tornar um "superministro" e ter "superpoderes".
Manifestantes em ato em frente ao Plácio do Planalto em protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro do governo Dilma (Foto: Alexandre Bastos/G1)Manifestantes em ato em frente ao Plácio do Planalto em protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro do governo Dilma (Foto: Alexandre Bastos/G1)
"Tem seis anos que vocês tentam porque tentam me separar do Lula. A minha relação com o Lula não é de poderes ou superpoderes. É uma sólida relação de quem constrói um projeto junto", declarou a presidente.
"O presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para nos ajudar, ajudar o Brasil. Tudo o que ele puder fazer para ajudar o Brasil será feito, tudo", afirmou.
Manifestantes fazem protesto contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Ministério da Casa Civil e exibem faixa em apoio ao juiz Sérgio Moro na frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)Manifestantes fazem protesto contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Ministério da Casa Civil e exibem faixa em apoio ao juiz Sérgio Moro na frente ao Palácio do Planalto, em Brasília
(Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Segundo Dilma, um dos motivos para que o ex-presidente Lula tenha sido convidado para integrar o ministério é o compromisso dele com a estabilidade fiscal e o controle da inflação.
Dilma afirmou que esse compromisso não é "meramente retórico" e, segundo disse, "se expressa numa situação muito significativa que é atuação ao longo dos oito anos do governo dele".
Faixa com os dizeres "Fora PT" diante do Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)Faixa com os dizeres "Fora PT" diante do Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: Alexandre Bastos/G1)

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